quarta-feira, 13 de abril de 2011

Como preservar um poema (para F. Talal)



Pegue o poema morto
Na palma da mão
Feito um passarinho

Pequeno
E delicado
Tenha cuidado
Tenha muito cuidado

As sílabas se soltam e
caem
Escorregam por entre os dedos
Estilhaçam no chão feito
Ossinhos
De
Porcelana

Abra bem a boca. Abra mais.
Deite o poema sobre a língua
Sem morder nem pensar num só movimento
Engula.

Um comentário:

Anônimo disse...

querida lavínia,

é um prazer e uma honra receber um poema seu.

seus versos me prendem e libertam ao mesmo tempo. sem alarde nem arabescos, você chega ao cerne do que há de humano em nós.

meu carinho e admiração.
ft